04 fevereiro 2024

vendo a luz no fim do túnel

hoje não tenho muito sobre o que dizer

me sinto bem

sinto que estou otimista, alegre e em sintonia com a vida


meu relacionamento está uma delícia

sinto falta dos amigos mas logo vou celebrar com eles

tenho muito suporte da minha família

quero progredir profissionalmente sem me matar

quero voltar para os exercícios


sinto que as coisas vão se ajeitar em breve

e isso me traz uma porção de felicidade bem generosa

os ciclos

insegurança

antipatia

raiva

medo

frustração

coragem

obstáculos

ponto final

recomeço


sobre chegar onde se deseja

sempre quis me alimentar melhor, desde a adolescência eu tinha expectativas de que um dia eu iria comer de maneira mais saudável.

da adolescência até uns três anos atrás, eu não fazia nenhum movimento para atingir esse objetivo, ficava apenas no imaginário, e como sempre detestei cozinhar, não pesquisava sobre receitas ou como buscar uma alimentação mais equilibrada. 

pensando em como eu era, acho engraçado ter uma vontade de ser algo, mas não mudar a direção, continuar insistindo em uma atitude que não condiz com a pessoa que eu queria me transformar.

até que fui forçada a iniciar esse processo. sempre falam que as mudanças são dolorosas, e eu assino embaixo. não foi um processo fácil, exigiu muito da minha boa vontade, mas eu persisti. 

hoje, anos depois de ter enfrentado meu pavor de cozinhar, sinto na cozinha o meu espaço de relaxamento, de paz, uma maneira de estar consciente e no presente.

e a cada prato feito, explorado e aprendido, desejo experimentar mais ingredientes, mais temperos e inserir mais frutas, legumes e verduras nos pratos que preparo.

nesse caminho eu aprendi que não é sobre ter uma alimentação saudável, sempre foi sobre ter uma alimentação consciente. se for para comer um hambúrguer, que seja algo especial, ao lado de alguém que eu amo e que me traga alegria. 

nem tudo é sobre saúde física, tem muita comida que antes de tudo, alimenta nosso emocional.

14 janeiro 2024

obrigada Luana de 2023

Há um ano, eu vivia momentos solitários. Perdida em pensamentos doloridos e medrosos, eu tentava sobreviver ao meu primeiro transplante de medula.
Foi traumático, foi intenso, tirou parte de mim, a qual estou reconstruindo até hoje.
Há um ano eu estava presa em uma cama e chupava geladinho para que as quimioterapias não causassem tanto efeito na minha boca. Eu chorava escondido com medo de minha mãe perceber todo o medo e pânico no meu rosto. Eu não conseguia comer, mas tentava engolir qualquer coisa para me manter viva.
Há um ano eu pensava que definitivamente não ia fazer o segundo transplante. Que aquilo tudo era uma loucura. Que eu não era forte coisa nenhuma, que ia desistir de tudo, que era melhor morrer.

Eu achei que era melhor morrer.

E agora, um ano depois, estou grata pela Luana que lá atrás não desistiu, que seguiu a passos lentos, pisando em falso muitas vezes, mas que seguiu em frente.

Talvez seja muito egoísmo agradecer a mim por sobreviver, mas o que sinto nesse momento é a vontade de gritar bem alto: 
OBRIGADA LUANA POR TER SEGUIDO EM FRENTE.

10 dezembro 2023

minha dor, só eu sinto

apenas eu sei a dor

de viver sob a minha pele


ninguém consegue

sentir o sofrimento

que me transborda

no cair da noite


apenas eu tenho 

a coragem para sobreviver

mesmo quando

penso em morrer






brutal

ainda mergulho na raiva
me esforço muito para ser melhor e
pensar em coisas boas

mas no fundo ainda carrego uma raiva brutal
de tudo e todos

não sei como tirar isso de mim

21 julho 2023

uma corrida

correr até gozar


no meio do mato

entre um caminho cheio de árvores 

como um animal em busca de caça

quero correr até sentir as pernas tremerem,

estremecerem de tanto prazer

e encharcar a calcinha de gozo

06 junho 2023

quase três décadas

meu retorno de Saturno veio acompanhado de um câncer, ou seja, as reflexões, inseguranças e medos foram constantes nesses últimos dois anos. Mas o autoconhecimento, a auto gentileza e a vontade de viver também estiveram mais presentes que nunca. Tive um despertar intenso e sai do modo de anestesia em que estive estacionada. 

Como escreveu Clarisse Lispector: “coragem não é viver, coragem é saber que se vive”. E agora eu sei.

ainda não consigo

sem coragem para pensar em tudo que vivi

sem forças para tirar a poeira debaixo do tapete

sem energias para olhar no espelho e ver o reflexo da pessoa que me tornei

sem tempo para sentar para conversar com a adulta de quase 30 anos

08 abril 2023

Indolor

"Não conseguirei entender o que é chegar aos 84 anos exceto se tiver a sorte de viver até lá. Embora eu conviva com a certeza da morte e do fim do ciclo da vida, tenho a sensação de que há fantasmas e medos que se dissipam com o tempo."

Velho são os outros - Andréa Pachá

11 março 2023

viver ou não, tanto faz

 ser mais forte do que se pensa

será mesmo?


pensei em eutanásia diversas vezes

isso me faz ser fraca?


não viver é ser fraco?

o que é ser forte?


viver com dor é força?

viver com dor no fundo do peito, de que sua vida foi roubada de você, de que você não é mais quem costumava ser, de que seus sonhos foram tirados de você, de que sua vida não será aquela que planejou

isso é força?

ou sigo forçada a seguir em frente?

dores

a verdade é que a dor  emocional 

dói mais que a dor física


não é a doença que me machuca

é a insensibilidade de quem deveria estar ali para cuidar

mas ao invés disso, agride minha dignidade



26 fevereiro 2023

18 fevereiro 2023

24 dezembro 2022

uma puxa a outra

lembrar que equidade de gênero

apenas acontecerá

quando a cada degrau que eu subir,

levar mais uma mulher comigo


15 dezembro 2022

verdades

Falar a verdade

Até que o osso rasgue a carne

E o sangue jorre da ferida

 

E na cor vermelha exposta,

Revelar todo o chorume

Estrangulado dentro da garganta

05 dezembro 2022

projeção

existe um medo tão grande de não viver os sonhos que planejei para mim, e esse medo é maior que o medo de morrer.

será que esses também são os medos do M. ou estou projetando minhas inseguranças nele?

18 novembro 2022

geografia

enquanto viajo

esqueço que estou doente

sinto que o câncer está em curitiba

e fora daqui eu posso ser quem eu quiser