concentração para
viver a minha jornada
sem olhar para o lado
e achar que o caminho é outro
o autoconhecimento nos salva
de traçar caminhadas
sem direções
ou pior
no sentido contrário do que estamos buscando
fragmentos de mim, sem ordem cronológica e/ou correção ortográfica
concentração para
viver a minha jornada
sem olhar para o lado
e achar que o caminho é outro
o autoconhecimento nos salva
de traçar caminhadas
sem direções
ou pior
no sentido contrário do que estamos buscando
Entre as 8 horas de trabalho, limpar a casa, fazer marmitas para a semana, cuidar do skin care, fazer academia 3x na semana, tomar um café com a mãe, jantar com as amigas, lembrar de fazer sexo, passar na farmácia, comer frutas, ir na terapia, depilar a perna, brincar com a sobrinha, marcar consultas, dormir, acompanhar as séries, ouvir o último álbum da banda favorita, lavar o tênis e andar de bicicleta…
Falta tempo para respirar
hoje não tenho muito sobre o que dizer
me sinto bem
sinto que estou otimista, alegre e em sintonia com a vida
meu relacionamento está uma delícia
sinto falta dos amigos mas logo vou celebrar com eles
tenho muito suporte da minha família
quero progredir profissionalmente sem me matar
quero voltar para os exercícios
sinto que as coisas vão se ajeitar em breve
e isso me traz uma porção de felicidade bem generosa
sempre quis me alimentar melhor, desde a adolescência eu tinha expectativas de que um dia eu iria comer de maneira mais saudável.
da adolescência até uns três anos atrás, eu não fazia nenhum movimento para atingir esse objetivo, ficava apenas no imaginário, e como sempre detestei cozinhar, não pesquisava sobre receitas ou como buscar uma alimentação mais equilibrada.
pensando em como eu era, acho engraçado ter uma vontade de ser algo, mas não mudar a direção, continuar insistindo em uma atitude que não condiz com a pessoa que eu queria me transformar.
até que fui forçada a iniciar esse processo. sempre falam que as mudanças são dolorosas, e eu assino embaixo. não foi um processo fácil, exigiu muito da minha boa vontade, mas eu persisti.
hoje, anos depois de ter enfrentado meu pavor de cozinhar, sinto na cozinha o meu espaço de relaxamento, de paz, uma maneira de estar consciente e no presente.
e a cada prato feito, explorado e aprendido, desejo experimentar mais ingredientes, mais temperos e inserir mais frutas, legumes e verduras nos pratos que preparo.
nesse caminho eu aprendi que não é sobre ter uma alimentação saudável, sempre foi sobre ter uma alimentação consciente. se for para comer um hambúrguer, que seja algo especial, ao lado de alguém que eu amo e que me traga alegria.
nem tudo é sobre saúde física, tem muita comida que antes de tudo, alimenta nosso emocional.
apenas eu sei a dor
de viver sob a minha pele
ninguém consegue
sentir o sofrimento
que me transborda
no cair da noite
apenas eu tenho
a coragem para sobreviver
mesmo quando
penso em morrer
correr até gozar
no meio do mato
entre um caminho cheio de árvores
como um animal em busca de caça
quero correr até sentir as pernas tremerem,
estremecerem de tanto prazer
e encharcar a calcinha de gozo
meu retorno de Saturno veio acompanhado de um câncer, ou seja, as reflexões, inseguranças e medos foram constantes nesses últimos dois anos. Mas o autoconhecimento, a auto gentileza e a vontade de viver também estiveram mais presentes que nunca. Tive um despertar intenso e sai do modo de anestesia em que estive estacionada.
Como escreveu Clarisse Lispector: “coragem não é viver, coragem é saber que se vive”. E agora eu sei.
sem coragem para pensar em tudo que vivi
sem forças para tirar a poeira debaixo do tapete
sem energias para olhar no espelho e ver o reflexo da pessoa que me tornei
sem tempo para sentar para conversar com a adulta de quase 30 anos
"Não conseguirei entender o que é chegar aos 84 anos exceto se tiver a sorte de viver até lá. Embora eu conviva com a certeza da morte e do fim do ciclo da vida, tenho a sensação de que há fantasmas e medos que se dissipam com o tempo."
Velho são os outros - Andréa Pachá
ser mais forte do que se pensa
será mesmo?
pensei em eutanásia diversas vezes
isso me faz ser fraca?
não viver é ser fraco?
o que é ser forte?
viver com dor é força?
viver com dor no fundo do peito, de que sua vida foi roubada de você, de que você não é mais quem costumava ser, de que seus sonhos foram tirados de você, de que sua vida não será aquela que planejou
isso é força?
ou sigo forçada a seguir em frente?
a verdade é que a dor emocional
dói mais que a dor física
não é a doença que me machuca
é a insensibilidade de quem deveria estar ali para cuidar
mas ao invés disso, agride minha dignidade
lembrar que equidade de gênero
apenas acontecerá
quando a cada degrau que eu subir,
levar mais uma mulher comigo
Falar a verdade
Até que o osso rasgue a carne
E o sangue jorre da ferida
E na cor vermelha exposta,
Revelar todo o chorume
Estrangulado dentro da garganta